Se eu pudesse indicar um livro pra sempre, pra qualquer fã de rock internacional, com certeza seria esse aqui. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band: Um ano na vida dos Beatles e Amigos, escrito por Clinton Heylin.
Li esse livro pra lá de 2012, quando meu vício literário estava no auge. Apaixonada por Beatles e, desde aquela época, já apaixonada por um pouco de sociologia na História do Rock, não tinha como não ficar apaixonada nesse livro.
Então, vamos falar de psicodelia?
Muito mais do que uma simples biografia sobre os Beatles, esse livro é um relato sobre o que aconteceu na música internacional, em especial, no rock, durante os anos de 1966 e 1967. Além disso, o livro, que poderia ser considerado uma bela tese de mestrado, mostra os motivos para a realização desse álbum, e suas consequências para a música em geral.
Quem conhece um pouco de história dos Beatles sabe da importância quase que crucial do álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band para a história da banda e do rock. Se existe um ano importante na carreira dos Beatles, ele não está no início da Beatlemania e nem no final da maior banda de todos os tempos. E é esse principal motivo pelo qual o Clinto Heilyn decidiu se dedicar a esse ano.
Para ambientar o leito, o auto começa contando o lançamento do álbum Revolver, talvez o melhor disco dos Beatles (na minha modesta opinião). O sétimo álbum dos Beatles foi lançado em 1966, meio que às pressas no Reino Unido. Foi durante as gravações desse disco que John, Paul, George e Ringo começaram a dar os seus primeiro acordes rumo a algo inovador, e que nenhum deles sabia ainda muito bem como seria finalizado.
Depois de Revolver, a banda cansada pela maratona imposta pela Beatlemania decidiu que era hora de por um fim à loucura social e procurar novos horizontes para a sua carreira. Assim, resolvem por um fim às suas apresentações ao redor do mundo.
Com os Beatles "aposentados"", outras bandas já bem-sucedidas, podiam, agora, ter o seu lugar ao sol. De repente, os Stones tiveram espaço suficiente para mostrar o seu trabalho, assim como os Beach Boys podiam recuperar a sua majestade nos EUA (com o seu magnifico álbum, Pet Sounds). Era também o momento de Jimi Hendrix e Pink Floyd começarem a brilhar. Na contra-mão, Dylan começava a enfrentar os problemas da sua vida pessoal com as drogas.
Livres para poder fazer aquilo o que amavam, somente compor, os Beatles, dessa vez liderados por Paul (John se encontrava completamente apático pelo trabalho em decorrência do uso excessivo de drogas, em especial do LSD. Ainda assim, John conseguiu contribuir com maravilhosas canções, que foram trabalhada pelo colega de composição. Era unanimidade entre os próprios Beatles, o comentário de que Sgt Pepper's foi um álbum inteiramente do Paul McCartney), iniciaram os trabalhos para uma obra que ele já imaginavam ser um divisor de águas em suas carreias. Levado pelo pensamento, que Dylan explicara como sendo o de que "eles não queriam ser mais bonitinhos", o quarteto resolveu fazer um disco de "canções do Norte da Inglaterra". Algo que fosse mais profundo, e que lembrasse a infância em Liverpool e as cantigas que seus pais e irmãos cantavam quando jovens. Assim, quando John chegou aos estúdios com Strawberry Fields Forever em mãos, ficou completamente clara a ideia do novo disco. Strawberry Fields foi gravada e altamente trabalhada nos estúdios, demorando várias sessões para ficar pronta - antigamente, os Beatles conseguiam gravar um disco inteiro em uma única sessão, ficando a cargo de George Martin, o produtor da banda, a finalização.
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| Capa amarela e azul - 1ª edição |
Diante da demora tão grande de lançar material, com a qual os Beatles estavam tendo que lidar, ficou decidido que Strawberry Fields Forever e Penny Lane seriam lançadas no formato de compacto, para saciar a sede dos fãs por material inédito dos Beatles. E, assim, perdemos duas grande músicas no Sgt Pepper's. Além disso, pela primeira vez na história da bada, um compacto não chegou ao primeiro lugar das paradas de sucesso britânicas.
Assim, os reis de outrora se viram sem duas de suas maravilhosas canções compotas para o álbum revolucionário, que não foram tão bem recebidas pelo público. Entretanto, a ideia de fazer algo diferente de tudo o que já tinham feito permanecia. Paul e John (o primeiro, muito mais que o segundo) se empenharam em fazer novas músicas. A ideia da Banda do Clube dos Corações Solitários do Sargento Pimenta, surgiu como uma forma de conceituar o disco. Uma banda (que não os Beatles) do Norte da Inglaterra, com suas próprias composições, liderada por Billy Shears (nosso querido Ringo Star em With a Little Help from My Friends), e apresentada pelos Beatles. Com o disco, o FabFour, com o efeito de muito ácido lisérgico, deveria apresentar o resgate à infância e às antigas tradições inglesas. O fato de não haver espaço entre as músicas, daria a impressão de apresentação direta da banda.
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| Versão Remasterizada em CD do Sargento lançada em 2009 |
Mas o que se pode dizer é que, depois de Pet Sounds (extremo sucesso da época e até hoje é um disco considerado como inesquecível pela maioria das revista de música do mundo) do Beach Boys, os Beatles revidaram à altura. Sgt Pepper's pode não ter sido completamente aclamado na época, tendo várias reviews ruins, entretanto, não se pode negar a revolução que ele causou na música pop. Mesmo o psicodelismo já sendo algo palpável dentro dos estúdios (o Pink Floyd estava nascendo, e Jimi Hendrix Experience já era sucesso com o seus primeiro disco), os Beatles conseguiram aumentar o alcance do, chamado posteriormente de, acid rock. E, se os críticos daquela época não saudaram com aplausos o disco, até hoje há quem o faça.
Por fim, o que se pode dizer é que, Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band: Um ano na vida dos Beatles é o relato de uma época e não de uma banda. Aficionados por história, anos 60, Beatles e rock em geral, é o público para o qual essa leitura é obrigatória.
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