Eu preciso ser sincera e dizer que antes de Shake it off, eu fazia questão de não ouvir a Taylor Swift. Sei lá, sempre achei ela só mais um produto da indústria musical, como tantos outros. Mas o que eu sei da vida, não é mesmo? Pode ser que você goste, e eu não vim ao mundo pra julgar ninguém. Por isso, aqui não vou me ater à discussão sobre o clipe, em que fãs disseram que ela se vendeu ao pop e toda essa conversa fiada sobre artistas que "traíram o movimento", ou sobre a pessoa dela. Vou focar no último caso da Taylor, que tirou suas músicas do Spotify.
Antes de mais nada, gostaria de dizer que adoro o Spotify, uso frequentemente, e, na minha lista principal de músicas, até tinha um espacinho pra Taylor com o single supracitado #mevendi. Mas também não estou aqui para defender ou atacar ninguém. Essa é somente uma pequena análise minha sobre o caso.
Pra te deixar por dentro do assunto, em uma entrevista dada ao Yahoo!Music, Taylor finalmente disse o motivo de ter tirado a sua obra do serviço de streaming. Para ela, o Spotify paga pouco. Na verdade ela disse que os serviços de streaming desvalorizam os artistas e que ela mesma é que não iria perpetuar a ideia de que música deveria ser de graça e assim desvalorizada.
Mas será que é isso mesmo? Eu, no meu pouco tempo de experiência com a música, e de estudar bastante sobre a industria fonográfica (cheguei até a pensar em fazer meu TCC sobre isso) fico meio triste em ver alguns artistas apoiando o discurso da Taylor.
Olha, antes de mais nada, eu gostaria de deixar bem claro que: em um momento onde os grandes artistas estão se dedicando cada vez mais em criar discos "vendíveis", se preocupando muito mais com o aspecto comercial do que com o artístico, acho BEM ENGRAÇADO uma artista que esteja defendendo um discurso sobre "não querer perpetuar que a música não tem valor". #CalmaLáCaraPálida.
Acontece que, a indústria fonográfica já entrou num processo de colapso há muito tempo e talvez tenha se recuperado um pouco através das vendas de LPs que voltaram ao mercado digitalizados, ou CDs e DVDs em edições especiais que fazem os olhos de todos os colecionadores brilharem (inclusive os meus). E desde o grande advento do MP3 (e do Napster!) como principal "concorrência" dos artistas, o streaming é exatamente o que apareceu como uma salvação para os músicos, que agora estão sendo pagos, pelo o que já se espalha há alguns anos de graça. E o que a Taylor quer é receber mais por isso.
Quer dizer, né? A pessoa não pode dar a mão, que a galera que logo o braço.
Na busca para resolver uma crise dentro dessa indústria, o streaming aparece primeiro como salvador e logo depois como vilão.
A verdade é que artistas e produtores mainstream não querem aceitar o fato, de que como em todo e qualquer segmento, o mercado consumidor de música mudou. E, bem na verdade, a própria indústria está se reavaliando (em uma parcela bem pequena ainda), através dos artistas independentes que aparecem todos os dias e ganham público exatamente acreditando em ferramentas como o Spotify. É mais ou menos como aquelas grande empresas que ainda não acreditam na utilização das redes sociais para a aproximação com o cliente. E eu fico ainda mais chateada quando eu vejo grandes grupos (como a própria indústria fonográfica) tentando limitar as possibilidades da internet (vide caso do Megaupload).
Taylor, vamos reavaliar estratégias, ok? Não estamos mais em 1968, quando os Beatles simplesmente não faziam mais shows, e recebiam os enormes lucros de suas canções nas rádios. Até por que, mesmo se estivéssemos naquele tempo, provavelmente você não seria um Beatle, né?
Então, por favor, nem tente.