Cólica e indisposição são alguns dos problemas que mulheres e homem trans de todo o mundo enfrentam no momento em que entram em seus períodos menstruais. Mas o problema não para por aí. Em todo o mundo há milhares de meninas que são impedidas de frequentar a escola e realizar suas atividades diárias por falta de uma ferramenta indispensável para todas nós: o absorvente.
O problema:
A pobreza menstrual é um problema global, presente tanto em países de baixa renda quanto em grandes economias. Historicamente, a menstruação foi cercada de tabus, silêncios e estigmas que limitaram acesso à informação, produtos e cuidados básicos.
Segundo a UNICEF e a OMS, mais de 500 milhões de pessoas no mundo não conseguem gerenciar sua menstruação de forma digna, seja por falta de produtos, água, saneamento, informação ou segurança.
Em diversos países africanos e asiáticos, a falta de absorventes ainda provoca um impacto direto na educação: estimativas mostram que meninas podem perder até 20% dos dias letivos no ano por não terem acesso a itens menstruais seguros.
Esse problema é alimentado por fatores econômicos (baixo poder de compra), sociais (tabus, discriminação), políticos (ausência de políticas públicas), de infraestrutura (falta de banheiros seguros), e até ambientais (produtos descartáveis inacessíveis e lixo inadequado).
Quando uma menina falta à escola repetidamente, aumenta a chance de evasão, queda no desempenho e redução nas perspectivas de emprego ao longo da vida. Em zonas rurais, o impacto é ainda maior, pois a escola representa não só aprendizado, mas acesso à informação, rede de apoio e segurança.
Além disso, muitas recorrem a alternativas inseguras como pedaços de pano, jornal, papel, folhas secas, o que eleva o riscos de infecções urogenitais e problemas de saúde. A pobreza menstrual, portanto, não é apenas um tema de higiene, mas um marcador de desigualdade de gênero, saúde pública e direitos humanos.
A iniciativa:
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| Sophia e Paul, fundadores. Fonte: Blog AFRIpads |
Em 2008, o casal Sophia Grinvalds (EUA) e Paul Grinvalds (Canadá) viajava como voluntários pela área rural de Masaka, uma região próxima a Uganda. Lá, eles presenciaram algo que muitos consideram invisível, apesar de extremamente comum em países mais pobre: meninas deixando de ir à escola por causa da menstruação. Sem absorventes adequados, sem informação, sem privacidade. Para muitas, a menstruação era sinônimo de ausência e humilhação. Essa dor silenciosa e toda a injustiça ligada a algo tão natural os tocou profundamente, e fez com que eles começassem a costurar absorventes reutilizáveis de pano, uma ideia simples, mas com um resultado incrível. Em 2009, com as próprias mãos e com a ajuda de cinco jovens mulheres da comunidade local, começaram a costurar as primeiras unidades. Era um gesto modesto, mas carregado de propósito: criar uma solução acessível, sustentável e digna para que meninas e mulheres pudessem menstruar sem medo de perder oportunidades.
Em 2010 formalizaram seu negócio como empresa social registrada em Uganda, nascendo assim a AFRIpads. Nos primeiros anos, o objetivo era mostrar que era possível o desenvolvimento absorventes de pano, seguros, laváveis, confortáveis, duráveis. Mas o desafio era maior do que fabricar. Havia tabus que só seriam resolvidos com educação: a menstruação era envolta em silêncio, vergonha, desinformação. Muitas meninas nem sabiam como lidar com o corpo quando menstruavam.
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| Fonte: AFRIpads |
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| Fonte: Blog AFRIpads |
Vocês podem conhecer mais sobre essa iniciativa acessando:
Site Oficial | Instagram da AFRIpads
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Esse projeto atende os seguinte ODS:
Sugestão de leitura:
Period Poverty – why millions of girls and women cannot afford their periods
Netflix - Documentário Absorvendo o Tabu
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Atualizado em 08 de dezembro de 2025














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